25.11.12

Não Faz Jus

Eu decidi que não quero amar.


Não quero beijos longos divididos
Ao som da música que tocava no dia
Em que nos conhecemos,
E que nos tornou completos.


Não quero viver dias infinitos
Aproveitados de mãos dadas
Ao que se suponha ser a grande razão
De todas as confusões em que me meti.


Não quero o riso contagiante
Das suas gargalhadas regadas a vinho tinto
À mesa de um restaurante
Que se supõe chique.


Não quero mais a sensação
De saudade eterna que me carrega
Durante os dias da semana
Em que não sinto seu corpo junto ao meu.


Não quero olhar a chuva bater na janela
E ficar sozinho a suspirar a vontade de lhe dizer sua falta,
Não quero imaginar o que faz sem mim,
Longe de mim.


O telefone não quero mais olhar,
Ele não quero mais perto.
Esperar suas ligações que nunca vêm,
Eu não quero.

Não quero ver as fotos dos dias,
Compartilhados a dois na cama,
Dos dias de verão na praça,
Dos dias de outono no bosque,
Dos dias de inverno abraçados no mesmo algodão,
Dos dias de primavera no carro,
Em viagens sem fim, apenas estando ao seu lado,
Sem destino. Não quero.


Não quero sua cabeça encostada em meu ombro,
Não quero ouvir-lhe dizer que tudo ficará bem,
Pois estaremos juntos.
É mentira.


Não quero mais ouvir seus gemidos de prazer,
Ou a sensação quente do suor de seu corpo ao meu,
Seus suspiros em meu ouvido,
Eu não quero mais.

Pensar em você,
Eu não quero.
Decidi que amar é besteira,
Não faz jus ao que vendem nas prateleiras.