30.11.12

Tão De Repente

Em um instante, não mais que em um instante você percebe que a vida não é mais a mesma. Em um piscar de olhos, tão surpreendemente em um piscar de olhos, uma grande e nada sutil mudança põe tua mente pelos ares.

De repente você percebe que não importa quantas bocas beije. Você percebe que não importa. Isso realmente nunca importará. Você percebe que somente quando ela modelar junto de você o beijo de vocês, sentirá prazer... pela primeira vez.

De repente você percebe que não importa quantas noites, com tantas mulheres. Você sabe que isso nunca importou. Saberá que somente com ela, as noites não terão fim. Somente com ela você sentirá tesão... pela primeira vez.

De repente você percebe que o embriagável só terá sentido quando brindam-se taças de vinho com ela. E somente embriagar-se-á de paixão com ela... pela primeira vez.

De repente você tem certeza, sentado em uma mesa, ao lado de amigos, aos berros, você tem certeza, ao ver o telefone, que é somente dela a ligação que espera receber. Você sentirá saudades... pela primeira vez.

De repente, não mais que de repente, você percebe que ela tem razão, ela sempre teve. Você percebe o quanto é um babaca, e quer seu perdão. Você saberá o que é a dor da angústia... pela primeira vez.

E de repente, depois de tantos meses, você percebe que ter enchido o coração de coragem (e alcool) e ter ido falar com ela valeu a pena, aquela guria doida e toda desencanada da vida. Mesmo achando que era muita areia pro seu caminhão. E não mais que de repente, nada mais importa. Pois é do lado dela que quer estar, sempre. Você sentirá amor... pela primeira vez.

E tão de repente, sentado em um banco de praça, vendo ela com o teu pequeno, você percebe o que realmente importou, importa, e sempre importará.

Tudo isso, todos esses pensamentos o tomarão. Tão de repente percebe o que realmente importa, para sua felicidade. O mais simples. Você percebe que seu coração só acalmará quando uma pessoa se importar. Quando ela se importar em te ligar três horas da manhã, te acordar, para ouvir sua voz. E você não se resignar em fazê-lo.

28.11.12

O Rock N Roll Não Está Morto

Dizer que o Rock N Roll morreu parece ser uma máxima atualmente. Até grandes artistas entregaram-se ao típico comentário esdrúxulo, embora façam parte do comentado gênero musical (o que, para mim, soa muito bisonho). Foi o que Slash disse uma vez. Exatamente. Um dos maiores guitarristas de todos os tempos, listado, inclusive, pela Rolling Stone, teve a audácia de tecer tal comentário. Audaz, foi, porque lhes digo, ele ainda faz música. Não estaria, ele, sabotando seu próprio trabalho? É pra se pensar. Seus trabalhos solos são bons, o passado Guns foi excepcional, o atual Velvet Revolver era um dos focos do Hard Rock, até o rompimento com Scott Weiland.

Dizer que o Rock morreu, é ser saudoso, é ser nostálgico. Mas é também ter o comodismo de achar que tudo de bom ficou no passado. Compare seu celular Nokia indestrutível de 8 ou 9 anos atrás com o smartphone incrível que tem em suas mãos, ele só não vira um Autobot que eu tô ligado.

Os atuais “20 e poucos anos”, me incluo, também tecem o típico comentário. Apesar de todos nós termos perdido a época áurea do Rock N Roll. Contamos do surgimento, nos anos 50, até meados dos anos 90. Quem diz que começou a apreciar música de verdade antes da puberdade é um puta mentiroso. Alguém venha aqui me contrariar. Sem ter o medo de verdadeiramente me dizer o famigerado som que ouvia antes dos 13, 14 anos.

Você, como eu, começou a fantástica jornada de conhecimento “rockiano” escutando coisas velhas, músicas mais velhas que você. E eu tenho certeza disso. Meu pai e meu padrinho de batismo foram autênticos rock n rollers. Tinham dezenas de vinis e cabeleiras de se ter inveja. E a primeira banda que me vem à mente, quando lembro-me de seu gosto musical, é Pink Floyd. Passei minha infância ouvindo esse trem. E também de muito sertanejo corno, vide Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo e similares. Por curiosidade (GRAÇAS AOS CÉUS DIVINOS) eu comecei a buscar rádios que transmitiam Pink Floyd. Foi aí que conheci o Baú da Mix e a faixa clássica da 89 Rádio Rock. Coisas que, hoje em dia, somente a Kiss FM toca em São Paulo. Conheci bandas como Simple Minds, The Who, Jimmy Hendrix, Eric Clapton, Nirvana, Led Zeppelin, Deep Purple, U2, The Cure, The Smiths, Black Sabbath, Yes, pra citar algumas e não ficar uma coisa absurdamente extensa.

Estou começando a me desprender dessa realidade em que o Rock N Roll morreu. O Rock nunca morreu. Rock nunca foi mainstream. Partimos da ideia de que o Rock surgiu como um movimento underground e rebelde, de adolescentes querendo destruir a visão certinha que a sociedade tinha das coisas nas décadas de 60 e 70. Para os pais daquela época, o Rock N Roll era abominável. Alguém aí já assistiu “Detroit Rock City”? É um ótimo exemplo. Se não, assista. Afinal de contas, O ROCK NÃO É POP.

O bom e gostoso Rock N Roll está mais vivo do que nunca. Você só tem de procurar arduamente por novas sensações. Em épocas sem internet, as pessoas se correspondiam mandando fitas k7 com gravações de bandas tocando em pequenos clubes espalhados pelo mundo. Foi assim que o Big Four chegou onde está! Quem é o Big Four? Porra, você está desinformado hein? Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. 

Você tem centenas de bytes disponíveis na sua tela aí sem precisar se corresponder com ninguém por coisas tão antiquadas quanto envelopes e tá reclamando do quê?

Ouvir Black Rebel Motorcycle Club me motivou a escrever isso. Baby 81, de 2007, é um dos melhores álbuns de Rock N Roll que eu já ouvi na vida. Ouvir esses caras foi a coisa mais fortuita que me ocorreu. Eu achei no perfil de uma amiga no Last.fm, a banda Bombay Bicycle Club e devo ter baixado BRMC por puro engano. Um ótimo engano. Ninguém nunca tinha me falado de BRMC, e me parece que ninguém no meu círculo de amizades realmente os ouve. Sei que um ou outro já comentou, e eles vieram no SWU de 2011. Quem esteve lá, viu e ouviu coisa boa.

Fato é que o Rock nunca morrerá. Não se prenda no passado. Talentos passaram, talentos vivem e talentos existirão. Sempre haverá alguém querendo fazer algo diferente de tudo que já existiu, inspirado pelos motherfuckers do passado e/ou atuais.

Para de ser tão resignado e vá pedir fitas k7s por aí!


27.11.12

Inconsequente

Esse ato altruísta de dizer que ama, de se jogar do precípicio sabendo que a dor da queda é inimaginável, e mesmo assim se deixar levar pelos desejos apaixonados que se encontram nos olhos do apaixonado e de seu objeto de amor.

A reciprocidade se engana quando a paixão cega a mente e mantém o sangue efervescente. Não existe. O abraço retornável é um simples modo de dizer que apesar dos sentimentos, tudo ficará bem. As adversidades sempre existiram, parece que não há momento para esse grande amor.

Foram tantos anos esperando a sensação exata, e até hoje se pergunta se era aquele o momento. Mas que seja! Não ficarás mais angustiado, como há nunca, tomou a posição que um verdadeiro homem enamorado tem de tomar, prostou-se iludido e mesmo sabendo disto, sentiu-se tão bem.

Os beijos, sempre houveram. E com o tempo aquele conjunto parecia cada vez melhor entender-se. Como uma banda de rock n roll que começa jovem e esganada, e que aos poucos torna-se grande e os talentos de cada integrante destacam-se. E assim como uma grande banda que enfrenta hiatos, nossos lábios nunca estiveram sempre juntos. Creio que eles sintam mais saudades que nós dois. Mas quem sou para me enganar, eu sinto falta da sua pouca noção do inconsequente.

E que continue sempre assim, se não comigo, com alguém que lhe permitirá sentir o amor que tanto merece. Eu não consigo imaginar ficar sem seus sorrisos, sem aquele abraço gostoso, sem sua risada insana e suas piadas infames. Inclusive, seu senso crítico é sensacional. É um absurdo como me escracho quando retrata as situações vividas. A sua voz é... ... é aí que eu me perco olhando para você. E você, apesar de ser toda pomposa, fica toda envergonhada, e eu nunca entendi isso. Como causo constrangimento em alguém tão cheia de si? Estaí a questão filosofal das pedras intergalácticas espaciais originadas pelo sentido da vida encontrado no vão da via lactéa que, apesar do nome, não tem qualquer referência aos leites e iogurtes. Pois é, fico prolixo quando estou constrangido e me vem coisas á mente e tantas bobagens, também fico inquieto.

Fico inquieto toda última vez que nos encontramos, porque com você parece ser sempre uma última vez. De certa forma isso me fez aproveitar melhor as últimas vezes ao seu lado, eu sabia que apesar de dizer que gostava de mim, eu não... eu nunca saberia quando nos veríamos novamente. Isso não é triste, isso é chato pra caralho!

A gente funciona tão bem junto, ou estava eu confuso. E por mais que você diga que eu tento mudar meu comportamento ao seu lado, engana-se. Eu fico sem reação, é assim que me deixas. Eu não tenho a mínima ideia do que fazer, do que falar, se pular, se gritar, se falar merda, se virar um triplo carpado duplo.

E o que dizer dos copos de cerveja.  Falta mulher no mundo companheira de boteco. E ela sabe como eu gosto de uma cerveja, das mais variadas, sou praticamente um estudioso da arte alcoolatra do boteco boêmio. E ela pediu pra colocar mais pra gelar sem eu sequer piscar. É muito amor. É telepatia!

Me provoca como ninguém. É incrível a sua falta de senso comum quando o assunto é a cama, diz que sim mas diz que não. Quer mas não faz, diz que vamos e já fomos, só que ficamos. Travamos, passamos, ali, aqui, em cima e embaixo. E fica sempre no meio do caminho. Culpa minha, culpa sua. Mas a gente se provoca bem, eu sei que sim. E eu prefiro nem imaginar esse tipo de coisa, não é premeditável, é tudo tão natural, esse desejo louco de querermos nos enrolar em uma coberta quentinha e suspirarmos durante o resto da madrugada fria depois de algumas garrafas de cerveja. Imagino quando será, será intenso, e será completo, mas só imagino, não quero ficar passando vontade, você me deixou louco. Fim. Paremos este assunto por aqui.

E eu nunca tinha chorado por ninguém da forma que chorei por você. Inclusive, é até estranho imaginar que escorreram lágrimas do meu rosto, pois nos últimos anos eu fui tomado por uma indiferença sem tamanho. E você foi a única que chutou o balde e me deu o tapa na cara que eu precisava, pra entender tudo isso, e agir como você merecia. E estou aqui apesar das lágrimas e do meu coração costurado. Não, não partiu meu coração. É que eu quero mais, eu quero muito mais. Eu finjo me enganar não saber porque me senti assim, mas quando nossas lágrimas se tocaram, não tive dúvidas. Você conseguiu atingir-me profundamente. Liguei o carro, olhei para o vão, minha visão turvada, e os rios enxaguaram o volante. 

E não quero imaginar mais nada, pois a única coisa que quero é estar ao seu lado. O resto ajeitamos na hora, é tudo tão natural, acontece sem escolhermos. Então venha para mim, sem medo, e te farei bem, e te acolherei, você terá sempre aquele abraço de urso, os beijos contínuos de luares cheios e a sensação de que em quatro paredes tudo é possível com nosso amor.

Se cuida.

25.11.12

Não Faz Jus

Eu decidi que não quero amar.


Não quero beijos longos divididos
Ao som da música que tocava no dia
Em que nos conhecemos,
E que nos tornou completos.


Não quero viver dias infinitos
Aproveitados de mãos dadas
Ao que se suponha ser a grande razão
De todas as confusões em que me meti.


Não quero o riso contagiante
Das suas gargalhadas regadas a vinho tinto
À mesa de um restaurante
Que se supõe chique.


Não quero mais a sensação
De saudade eterna que me carrega
Durante os dias da semana
Em que não sinto seu corpo junto ao meu.


Não quero olhar a chuva bater na janela
E ficar sozinho a suspirar a vontade de lhe dizer sua falta,
Não quero imaginar o que faz sem mim,
Longe de mim.


O telefone não quero mais olhar,
Ele não quero mais perto.
Esperar suas ligações que nunca vêm,
Eu não quero.

Não quero ver as fotos dos dias,
Compartilhados a dois na cama,
Dos dias de verão na praça,
Dos dias de outono no bosque,
Dos dias de inverno abraçados no mesmo algodão,
Dos dias de primavera no carro,
Em viagens sem fim, apenas estando ao seu lado,
Sem destino. Não quero.


Não quero sua cabeça encostada em meu ombro,
Não quero ouvir-lhe dizer que tudo ficará bem,
Pois estaremos juntos.
É mentira.


Não quero mais ouvir seus gemidos de prazer,
Ou a sensação quente do suor de seu corpo ao meu,
Seus suspiros em meu ouvido,
Eu não quero mais.

Pensar em você,
Eu não quero.
Decidi que amar é besteira,
Não faz jus ao que vendem nas prateleiras.

24.11.12

Mais Uma Vez, Dezembro

Dezembro. E nada mais.

Mais um dezembro. Mais uma vez, dores de cabeça, impaciencia e um coração acelerado rumando para o nada. Dezembros me deixam desorientado, perdido, alucinado e angustiado. A dor de sentir a ardua solidão compenetrando sobre o coração. Mais uma vez se pondo a pensar na mais distante possibilidade. Isso me cansa. Mas, apesar de encarar como um fardo, não há o que se fazer, o coração quer o que o coração quer. E se este não tem, sangra hemorragicamente. E você, se corroe por não ter o que fazer.

Eu não tenho muito o que dizer. Sinto falta de alguém. E em mais este novo dezembro, me lamento por não estar ao meu alcance. Dezembros são assim, solitários para os não relacionáveis e demasiadamente românticos atravessados de não-amor.

E o maior presente, meu amor, compartilhado por quem não o tem, faze-lo então acreditar promíscuamente no ano novo, esbaldando-me com o prazer da atração momentânea, e pondo o esquecimento em instantes a vontade de ter.

Que comece então um novo ano, e com novidades que o trazem! E que tenha mais onze meses sem precisar pensar em você. Pois que me doa só em dezembro, a insuportável sensação de nunca te ter.

19.11.12

Pela Manhã

A barba por fazer. Encaro o espelho, olhos marejados e cansados. Eu não quero alcançar o barbeador. O cabelo vai ficar assim mesmo, acabei de acordar, coloque um gel, já está bom. Me debruço na pia, e profundamente observo meu semblante. Não, ele não se mexe. Não, ele não pisca. Ele sequer move um músculo, não quer, não se dá o trabalho.

Seus dias têm sido um tanto vagos, sequências de eventos similares, dia após dia, a mesma ladainha. Me convenço de que a culpa não é minha, os demais tornam a minha vida mais entediante, não tenho como alterar isso. Convença-me de que posso mudar e sorrir.

Meus arpejos preenchidos de vazio não são reconhecidos em tardes de garoa e frio em São Paulo. Ele para e senta-se sobre os degraus do museu contemporâneo. Acende um cigarro, fazendo cara de paisagem, ele finge traga-lo em poucos instantes, que aos poucos torna-se cinzas. Os dias estão frios, o calor entre os dedos, o calor em minhas mãos, é fácil me enganar.

Não, eu não fumo. Só estou sendo dramático. Converto paisagem em um pequeno riso. Gosto de lhe fazer-me bobo. Um pouco mais, afinal, sempre foi um completo troglodita.

Em dias assim, tudo torna-se borrado. As vezes levanto e olho ao meu redor, mas só o que vejo são expressões aterradoras. Cabeças movimentando-se desengonçadamente sem olhos e narizes, apenas com suas bocas falantes e irritantes, álias, isso é redundante. É tudo tão borrado.

Pela terceira faixa não se ultrapassa. O limite é 80, deveria haver um mínimo, pois estás a 40. Mas é bom. O rádio não está borrado, está vivo. Cores chamativas indicando volume, tempo e canções. Eu me sinto mais vivo. A estrada não está mais tão nublada.

Ele encosta e desliga os fárois. Suspiro e solto um último ronco. Pisco duas vezes e me deparo com um sonâmbulo canino, está tão desligado quanto seu mestre. A geladeira tem cervejas. Mais uma noite esboçando versos em frente a uma tela. As ideias não surgem naturalmente. Normalmente quando se pensa em seu inalcançável, tudo se torna mais esperançoso. É difícil ficar te idealizando ano após ano, não tenho mais tanto material como antes, não sei o que se passa.

Repetitivo demais. Nenhuma outra mulher quis chutar o balde e dar-lhe um tapa na cara. Causo tanto constrangimento. É esse seu jeito desencanado, desligado, entortado, nada recalcado, e distraído. E ninguém disse que faz sentido. Interessante que não faça. Pois é tudo tão borrado, não há sentido em cabeças desengonçadas pulando de espaço em espaço. Ele acha que o mundo gira ao seu redor. O resto é tão borrado, teria de girar mais ao seu redor.

O sono traz lembranças de tempos bons. Alguns anos atrás. Tudo mais apaixonante e inocente. Engraçado e vivo. Durmo em paz, tentando encontrar-lhe, como havia feito tantas vezes, e você concordando em selar o contrato com beijos apaixonados.

Combinamos nos invernos de julho sempre nos vermos. Não hão de existirem bons dias assim, como antes. Eu sempre levei o cobertor e o vinho. A gente se agarrava na poltrona, e ela dizia que os dias eram melhores e não tão borrados. Eu sorria e, pela primeira vez, concordava que fazer cocégas em alguém era motivo para promessa de morte. Pareciam duas crianças, com o livre arbítrio adulto. Convenhamos, não há ideia melhor.

É por isso que espero. Não precisa levar o cobertor e nem o vinho, eu os guardo em casa. E espero por você só mais algumas vezes. A gente combina bem junto. O seu corpo é quente, eu gosto de observa-la enquanto dorme, você era tão desajeitada e graciosa. Tinha aquele ar angelical, mas não era isso que me atraia, e sim aquele trejeito inconsequente despretensioso que me deixava louco.

Daqui do alto do prédio, agora, ele só pode observar as luzes das estradas alaranjadas, fica tudo tão borrado quando ela não está por perto. Ele tende a acreditar que tudo faz sentido, que o tempo premiará persistência e compaixão. Não vá embora pela manhã, eu quero selar mais contratos ao seu lado.

18.11.12

Aquele Brilho

Sabe aquela sensação de que tudo parece certo, correto e verdadeiro em uma fração de segundos? Este é o sentimento que me atinge, que me incorpora e me toma de surpresa toda vez que me percebo perdido no jeito ridículo de dançar dela.

Você, toda torta, se achando a rainha do baile. Mas pouco importa-se e lixa-se para aquilo que os outros, e muito menos eu, estamos pensando. Você, provavelmente, embriagada, desliza por entre as pessoas no bar ao som frenético que vem das caixas de som espalhadas pelo lugar.

E quando me percebe olhando pelos cantos para você, intimida-se. Como se estivesse realmente se importando com o que penso de você. Seu rosto corado, é verdade. Mas isso é causa das variadas doses misturadas durante a noite. E apesar disto, uma graça.

Que merda! Eu realmente gosto de você. Só de bater meus olhos em você, eu sei. Quer dizer, eu não consigo explicar. Nem bem eu entendo porque demônios sinto algo por você. Queria que houvesse uma explicação razoável para isto. Mas para este bobo, as coisas funcionam assim.

Funcionam dessa forma, você apresenta-se:

"Olá, estranho." - "Ih garota, que papinho é esse? Vai fingir que não me conhece?"
"Porra... você não sabe brincar não?" - "Ahn... do que você quer brincar?"
"Hummm" Mede o rapaz de cima a baixo. - "Ahaha muito engraçado."
"Se liga!" - "Vai te catar."

Ok. Na verdade, a intenção era escrever outra coisa. Mas romances melosos e espalhafatosos não existem. Pra ser bem sincero, eu acredito que sim, existam! Mas com muito mais sexo no interim. Início, meio e fim (?). Feliz ou não.

Contos de fadas não têm sexo! Afinal, que graça tem? Princípes e princesas não fazem sexo. Selam a paz e a vida do reino com um único beijo. É um desperdício.

Ela não sabe que eu gosto dela. Ou talvez esteja encondendo de si mesma tudo isso. Eu não lá sou muito bom para dizer o que sinto também, porque meu medo é estragar algo que não teve nem início. O platônico tem uma visão muito complicada do amor. Ele prefere não estragar algo que nem está lá para ser estragado. É, vai entender.

Mas essa garota, ahhhh, essa garota. Nós nos beijamos algumas vezes. Foi louco. Tinha certeza de que eu naquela noite estava bem estragado, e ela também devia estar. Porque aquilo foi meio selvagem. É claro, estavámos escondidos. Não queria ninguém nos enchendo o saco, pela vergonha alheia. Mas foi muito gostoso, confesso. Foi uma disputa para quem dava o beijo mais elaborado. Mesmo que nenhuma das partes atuasse conjuntamente.

Eu lembro desse dia, como o caminho de casa. Nós nunca falamos sobre isso. Embora minha vontade seja absurdamente grande. Quem sabe para algo errado, alguma coisa certa surja. Passa tempo, passa.

"Eu lembro" - "O que você disse?" - "Eu disse que me lembro."
"Não sei do que está falando ha ha." Eu tentei disfarçar, mas minha risada me denuncia. Droga! - "Por que você quer se esconder? Me diz!" - "Ah... eu..."
"Pelo amor de Deus!" - "Mas como... por... daonde tirou isso da cabeça para vir conversar agora?" - "Olha, pra ser sincera, eu estava esperando você fazer alguma coisa, mas puta que pariu, como você é lerdo!" - "Cacete! Joga na cara!"

Silêncio...

"Não vai fazer nada." - "Peraí, vamos do início, deixa eu me concentrar. Ok... vamos lá. Eu estava pensando sobre aquela noite... selvagem... haha." - "Nem me fale... você estava bêbado." "Você não estava?" - "Não." - "E... mesmo depois daquela má impressão, você ainda resolveu continuar falando comigo?" - "Foi estranho, e você realmente parecia saber o que estava fazendo, apesar de não, mas... você é esquisito." - "E isso é bom? Espero..." - "Sim, foi diferente, eu nunca me senti daquele jeito..." - "Errr..."

Cara... onde eu enfiaria a fuça?

A gente ficou se entreolhando, e acabamos nos virando e dando umas voltas pelo recinto. Eu fui... direto ao bar. Ok, manda uma, manda duas, três, quatro... ok, chega!

Platônico é o caralho. Se ela veio falar comigo. Vocês devem estar se perguntando: "Que puta narrativa confusa dos infernos." É... eu sei que é. Mas aí é que está. Isso é diferente.

Vamos voltar à louca. Quer dizer, o doce sabor de pêssego com vodka daquela noite há alguns meses. Ela conhecia alguém, que conhecia alguém que me conhecia que acabou me conhecendo, e no meio de todo esse entrevero de pessoas que se conhecem, nos conhecemos. Oh! Eu me diverti horrores com ela naquela noite. O universo tinha sido, ao menos uma vez, bondoso comigo. Sabe, eu não saío tanto. E quando isso me ocorre, tento aproveitar as poucas horas com prazer. Como um trago vagaroso do cigarro. E eu nem gosto de cigarros.

Nós ficamos juntos, não lembro bem porquê. Eu sou horrível em cantadas ou em qualquer tipo de investida. Eu tenho uma ideia confusa do que seja um galanteio. Eu figuro muito na minha cabeça. Eu sei que grande maioria dos homens falam uma pequena merda, e grande maioria das mulheres vai na onda por não terem muito melhor o que fazerem. Odeio a grande maioria. Odeio.

Ao bar, fingia virar algumas doses. Mas eu ficava a observando.

Ela, com sua risada reconhecível. Engraçada e diferente. Uma mulher única. Eu estava encantado, ainda mais depois de tê-la conhecido melhor. Um verdadeiro furacão de informação.

E ela tinha o brilho nos olhos. Eu enxergava esse brilho em poucas mulheres. E ela tinha. E o que era pior, ela parecia gostar de mim. Ás vezes eu não sei bem o que acontece, esse lance amoroso não é comigo. Gostar, desgostar. Tudo parece igual. Mas aqui, creio, era diferente.

O brilho nela me deixava abismado.

Ao lado desta garrafa me indagava o que vai ser desta noite. Destes dias, de nós.

No dia seguinte, eu acordava caído, ao lado da cama. Apesar disso, tinha dormido bem. Meu celular ao chão, os lençois na minha cabeça. Provavelmente, cheguei bêbado, tirei a roupa toda e me atirei aqui. Típico. Até perceber um sutiã pendurado na porta entreaberta. Olho para trás.

Acho que lembrei de tudo agora.

17.11.12

Tenho Saudades


Do tempo em que a inocência regia minha vida.

Tenho saudades do centro tão movimentado daquela pequena cidade. Aquele dia que perdi a mão de minha mãe. Aquele dia em que me agachei e chorei, esperando por um abraço. Esperando por meus amigos. Esperando por um alô de alguém que se importasse. Saudoso me lembro daquela primeira década, para um pequeno adquiri tantas lembranças gostosas, de amizades que se tornaram tão importantes. Mas que o tempo parece ter levado. Nunca esqueço das brigas, entre nós três. Muitas delas. Não culminavam em absolutamente nada. Voltavámos e nos abraçavamos. Lembro do esconde-esconde, pois eu nunca me superava, pois eu sempre ficava bravo.

Das festas juninas em nossa escolinha, da oportunidade de ser seu parzinho. E de ter medo de segurar sua mão por não gostar de meninas, por serem tão bobas e chatas. E dançamos, e deixei minha mãe contente. E saí, a correr. Era a pipoca que estourava. Era o algodão doce. Era o seu bilhete. Um bilhetinho, que recebi acompanhado de meus amigos. Um cartão de paixão. Uma cartinha de carinho. Eu fiquei vermelho, de raiva. E constrangido. Mas ainda estou a pensar... estava a querer saber, quem havia me mandado. Talvez, algum dia descobrirei.

Eu lembro dos recreios, aqueles em que dividíamos nosso lanchinho, aqueles em que cantavámos pela nossa saúde. Era o danone, era o passatempo. Você sempre me pedia, mas eu nunca dividia. Odiava meninas, chatas e bobas! Nunca vou me casar! Meninas ficam brincando de bonecas no mundinho rosa delas! Chatas! Mas esse pensamento infantil existia porque eu queria sentar ao seu lado. E tinha medo. E ficava chateada quando dava mais atenção as suas amigas a mim. Por isso você era chata. Por isso eu não deixava você sentar do meu lado, por isso me afastava de você. Eu gostava de você.

Nunca me esquecerei de quando sentei do seu lado, nas aulas de história. E do quanto eu tentava lhe impressionar com minha inteligência. Eu sempre levantava e explicava com orgulho minha resposta. Queria que me percebesse. Mas você nunca olhava para mim. Sua boba!

E então, nunca mais. Eu fui embora. Perdi amigos. Perdi você. Perdi minha infância.

Eu tenho saudades da praça. De brincar na areia. De me balançar o mais alto, vontade de rodar o balanço e enrolá-lo na madeira. E me jogava na areia. E ria. Com meu irmão. E o escorregador. Eu descia de ponta-cabeça, e caía de boca na areia. E dava risada dos meus hematomas. E dava risada dos meus arranhões. E sorria quando me via sujo de terra. Eu lembro das corridas de bicicleta, e como caía frequentemente. E de como me levantava aos prantos.

Tenho saudades da rua de casa, naquele condomínio nas tardes de outono, onde sentava sobre a calçada e ficava a observar a correria dos homens, tão preocupados com a pressa, tão inconformados com suas vidas, tão egoístas a ponto de não enxergarem a tamanha felicidade ao seu redor, coisas simples.

Tenho saudades da frente de casa, onde sentava sozinho no jardim, gostava de pegar as pedrinhas do chão e atirá-las na rua pela incrível falta do que fazer. Arriscava furar os pneus dos carros, assim minha mente infantil acreditava. Um pequena pedra, uma pequena vontade de chamar a atenção.

Eu gostava da brisa que batia em meu rosto, eu não entendia como aquilo me deixava feliz. O vento que me arrastava, tão desafiador. A chuva que chegava tão amedrontadora. Do gosto da chuva. Eu lembro de como voltava aos passos contados, aos passos contidos, para aproveitar a água que caía. Para me molhar, para chutar as poças. Para pular entre elas. Eu tenho saudade.

Sinto falta das longas caminhadas à escola. Não me custavam trinta minutos, mas espelhavam um tempo eterno em minha mente. Eu observava o céu, o sol, as árvores se contorcendo conforme os ventos de inverno chegavam. E eu sinto mais falta ainda daqueles longos cabelos louros esvoaçados. Era a descida culminante. Quando lhe vi pela primeira vez, me contagiei de algo diferente. Você era uma garota, e eu um pobre menino. Eu tinha medo novamente. E eu pensava em chamar sua atenção, passando pela sua rua quando voltava, e eu queria tocar a campainha. Para falar para você que eu existia. Mas quando a toquei, me botei a correr. Eu era um menino, não sabia lidar com meu coração. Não sabia lidar com essa pressão.

Você apareceu em minha sala, seus cabelos louros me mostraram a certeza. Eu gostava de você, e eu queria que soubesse. Eu lhe fazia sorrir. Eu me escondia de você, e você sorria para mim, e eu ficava feliz. Eu me fiz perceber. Me fazia de inteligente, respondia as perguntas e você olhava para mim. E eu engasgava, por que me encarava? Por que me atrapalhava?

E mais uma vez eu parti. E deixei minha infância para trás. Seus rostos sorrindo a mim, ao meu lado. Eu queria ter lhes dito. Eu queria que vocês tivessem sabido. Eu queria. E eu tenho saudades. Eu sempre lembro, eu sempre recordo. Sempre estou a pensar. Em você, principalmente. Eu sempre lembro de todos, com muito carinho. Eu nunca esqueço daquele tempo, naquela cidadezinha.

Eu nunca esquecerei, de você e de nossas lembranças. Das minhas lembranças. Eu não mudei, eu sou o mesmo. Sou inocente, sou ingênuo. Sou uma criança, um menino que quer aquela menina chata do meu lado, pedindo para repartir uma bolacha.

"Eu lhe dou o recheio." Eu disse.

E você me beijou. Na bochecha.

16.11.12

#1 Make It Wit Chu

#1 Songs To Make Love To

Inicia-se uma série de posts, aproveitando minha paixão por música (por muita música). Já era tempo que queria ainda mais incluir nesse espaço músicas que criam ambientes perfeitos para momentos prazerosos. Não pretendo me alongar. Apenas sintam as diferentes e lúdicas sensações que a música pode nos oferecer.


A balada Make It Wit Chu do Queens Of The Stone Age explora, sem rodeios, e mostra a que veio. Viva Josh Homme!

Implosão do Universo

A criação do Universo se deu através de um tal Big Bang. Eu sempre achei, quando criança, que isso tinha alguma relação com o tal Big Ben de Londres; sim, eu era tão bobo e ingênuo, e continuo sendo. Mas, enfim.

Cheguemos ao ponto de mais uma teoria astrológica física! Mas o quê? De física pouco entendo, só faço charme, mas a questão é paranormal, quem as pode explicar? Benjamin Franklin? Galileu Galilei? Da Vinci? Mona Lisa? Ou talvez meu querido e idolatrado, o físico acima de todos, aquele que prometeu a si mesmo, e só a sua pessoa, que iria criar o seu próprio Buraco Negro portátil, sim! Stephen Hawking. Não, acho que nem ele com este mirabolante artefato, muito obscuro por sinal, pode me responder.

O fato é que estrelas cadentes me disseram, e ainda me dizem, que dois aparatos similares à uma espécie de meteoro, dois objetos de beleza estupenda, dois seres inquestionáveis, cairão sobre um tal endereço conhecido pela minha própria pessoa. Sim, meu endereço futuro. Meu futuro, meu passado e meu presente hão de se integrar nessa interessante catástrofe de patamares orbitacionais.

Os seguintes objetos, os descreverei. Como dito possuem uma beleza fênomenal, algo que não há como se diferir à olhos nus, mas se esclarecerá que ambos são distintos.

Afinal o que dizer do interior de ambos os objetos? Assim como as estrelas cadentes possuem meu coração esses dois objetos se assimilam a tal descrição, estando aparentemente próximos à conquista das tão belas, e que de pouca vida possuem, estrelas cadentes. Acredito que esses mesmos objetos sejam interessantes para uma profunda pesquisa, seu interior, mesmos distintos, e apesar de imensa confusão na análise inicial, são plenamente maravilhosos e fantásticos.

AaaAAAA catastrofe sem prescedentes há de acontecer. Os dois corpos celestes, e mesmo possuindo tanta beleza, irão competir pela maior destruição possível. Sem mencionar a possibilidade da infiltração de lixo espacial na crosta terrestre com o mesmo possível destino dos objetos citados. O mesmo lixo espacial, conhecido por todos, causaste destruição anteriormente e foste devolvido ao Cosmos, mas por ocasião do desinteresse, ocorreste de cair em uma mesma rota, a mesma rota de colisão, podendo causar o total sumiço da vida terrestre.

Após consultar especialistas pude constatar que não há o que fazer. A única esperança para o corpo celeste que há dentro de mim é que isso tudo ocorra e que todos os Deuses do Olimpo nos ajude. Mas há quem diga que isso seja mera especulação governamental para que o povo desvie os olhares de uma possível revolução nas terras de ninguém.