28.4.13

Plenitude


Na superfície dos mares meu corpo emerge, e se apresenta à iluminação acalorada pela imagem de uma figura circular, que se encontra flutuando ao lado de algodões em movimento. Eu finalmente inspiro. Com dificuldade por assim não fazer há tempos. As profundezas salgadas e escuras retiraram o que de mais doce havia em meu coração. Mas finalmente respiro.

Balançando nas águas de um oásis infinito de ilusões. As coincidências que me encontraram se tornaram visões de um passado. A experiência da falta de oxigênio não tende a me sufocar jamais. Nesse deserto de águas o único rosto que guia as ondas do mar, com sua boca a assoprar, com seus lábios a me levar. O rosto é seu. As sombras que contornam a fisionomia me lembram você. E não me assusto pois agora sei que não enxergo miragens, você é a certeza que dissemina uma nova chuva de prazeres.

Tempestade que refresca minha mente. As ondas formadas pelos furiosos sopros de seus lábios me levam à encosta de uma praia solitária, habitada somente por pequenos seres de cascos digladiando contra suas próprias forças naturais. Em busca de vida. Fico desacordado, enquanto a noite baixa. E o meu corpo esfria, ordenando pela presença do seu. Atirado à areia, sinto a maré bater e rebater. Repetitivamente, pedindo para que acordasse. Pedindo para que levantasse. O meu corpo frio recebe um toque quente.

O meu rosto esquenta conforme a sua voz aproxima-se de meus ouvidos. Começo a me corar. Você trouxe-me de volta de uma ilusão de sonhos. Suas palavras me despertaram. Seu abraço me esquenta. Seu beijo me fortalece.

Não sei mais quantos dias viverei. Isso é mais forte do que eu. Apenas a certeza de seu amor torna plena a minha vida. Fique comigo, nesses últimos dias.