10.11.15

Amizades de Infância

Escrevi ouvindo: Broken Social Scene - Forgiveness Rock Record 



Esse último final de semana eu fiquei pensando em como as nossas vidas tomam rumos totalmente inesperados. Nossas vidas, a minha vida e a de todos os envolvidos nela e que já se envolveram algum dia. 

Eu sou o tipo de cara que gosta de uma boa conversa. No mesmo final de semana que me coloquei a pensar sobre o assunto deste texto, eu estava na casa de um amigo às 4hs da manhã, tendo chegado as 18hs do dia anterior. Algumas cervejas consumidas no caminho e uma boa música de fundo. Dos assuntos, os mais variados. É incrível como quando uma conexão funciona, não importa do que se fala. Da mesma forma que, ao contrário, a conexão não existirá. 

Do alto dos meus 27 anos, a nostalgia invariavelmente me atinge, seja uma passagem de uma música, um trecho de algo que li, uma conversa interessante, um filme, enfim. Às vezes os dias infantis vêm à tona. A primeira coisa que me vem à mente é o fato de eu ainda me achar um moleque apesar dos quase 30 anos nas costas. Isso de certa forma me assusta um pouco. Por outro lado, li em algum lugar que a minha geração acredita que a idade adulta se chega com 29 anos, e que, também, "os 30 são os novos 20". Não sei até que ponto posso me colocar a acreditar nisso mas sinceramente não vejo assumindo determinadas responsabilidades da "vida adulta" tão cedo. 

Mas isso é assunto para outro texto, há muito sobre o que se divagar e este espaço agora é, na verdade, sobre algo estranho que me ocorreu na conversa com meu amigo no fim de semana. Da minha infância. Precisamente das minhas amizades de criança. 

Na minha época (falando assim, parece que eu já estou na terceira idade, mas não se enganem), as pessoas na minha cidade, álias, a minha cidade era bairrista. As pessoas se conheciam pelos sobrenomes, famílias se conheciam, tinham aquela intimidade que só uma cidade pequena possuía. A tal da fofoca, rolava. Coisa bairrista. Coisa que, quase 20 anos depois, mudou completamente. A minha infância, eu cresci rodeado pelos mesmos amigos, pelas mesmas famílias, pelo mesmo convívio. Todos se conheciam. Os meus amigos assim eram desde o dia em que eu pisei na "escolinha" pela primeira vez, gordinho e com aquele cabelo tigela tão característico. Um pouco menos que uma década vivida dessa forma. Só quem viveu assim, sabe o quanto isso é bom. Lembranças e memórias em abundância foram geradas. Boas e ruins. Parte da vida. 

Mas este texto é sobre como a vida de cada uma dessas pessoas toma um rumo completamente diferente, coisas impensadas e diferentes. Quer dizer, não estou julgando, acredito que cada um tenha de viver sua vida da forma que bem desejar. O que me fez ficar pensativo e escrever é o fato de que, se hoje eu conhecesse aquelas pessoas, pela primeira vez, eu não seria amigo delas, sequer conhecido distante. Que coisa, não? 

Como as coisas mudam. É claro que eu só pude observar isso através de redes sociais. Apesar de tantas coisas controversas e idiotas que existem nas redes sociais, um lado importante é manter contato com quem realmente você conhece. E eu observo através de fotos, posts, textos, check-ins, como eu realmente não tenho completamente nada mais em comum com algumas dessas amizades de infância. Eu realmente passaria a oportunidade de conhecê-los, nos dias de hoje. Nada contra o estilo de vida, pelo contrário. Mas, como dizem, a ideia não bate. 

E foram inúmeras as tentativas de tentar revisita-los, conversar, manter contato. Até bate uma tristeza, mas aparentemente o que é passado é passado, literalmente, para essas pessoas. E isso, já faz tempo. 

Afinal, com o passar dos anos, já são 27 anos e contando, você perde a paciência para pessoas. Eu sou o tipo de cara que se não tiver afim de participar de algum evento social, por aparência, não marca presença. Não gosto de pessoas, por aparência. Não invento assunto, por aparência. Foda-se. De boa, de boa, tá ligado? A taxação de personalidade é tamanha, mas não estou nem aí. Tô de boa, sempre de boa. 

Vale o meu ditado, tá de boa, cola comigo, troca uma ideia, bebe uma breja e bora dar algumas risadas. Interesse parte de quem tem interesse. E sobre essas amizades, bem, acho que são passado mesmo.

Um comentário:

carol disse...

É como querer usar aquela calça de quando você tinha 15 anos e adorava! Ela até pode servir, mas não te cabe mais, até porque você nem é mais aquele!
Faz parte! :)